sexta-feira, abril 15, 2005

Em Bragança
Vai nascer o Museu da Máscara
in Público, 15.4.2005

"A Câmara Municipal de Bragança vai recuperar um edifício degradado na zona histórica da cidade, para a instalação do Museu da Máscara e do Traje. Trata-se de um imóvel municipal em avançado estado de degradação, com três pisos, onde vai ser criada uma área de exposições, mas também alguns espaços para que os artesãos locais, que ainda se dedicam à criação de mascarares e trajes regionais, possam trabalhar e vender as suas obras. O concurso público para a recuperação do imóvel termina amanhã, dia 15 (quinta-feira), a obra tem um prazo de execução de 180 dias e o preço-base ronda os 260 mil euros.Um investimento a realizar na área da freguesia de Santa Maria, que deixa o presidente da junta, Jorge Novo, duplamente satisfeito: "Por um lado é mais um imóvel que vai ser recuperado, por outro, vamos ter mais um espaço de cultura, mais um local de visita", afirma. O autarca luta "contra a morte" da zona mais nobre da cidade de Bragança, o castelo e a cidadela, e defende que, com investimentos deste tipo, "a cidadela fica mais viva e mais atractiva". (...)""

sábado, abril 02, 2005

Na freguesia de Sobrado
Obras em Valongo põem em risco festas das Bugiadas
Jorge Marmelo

in Público, 29.3.2005

bugiada 1993Câmara quer alterar o espaço utilizado por uma das mais originais festividades sanjoaninas, mas a população promete resistir
O Largo do Passal, palco tradicional das Bugiadas com que os habitantes de Sobrado, em Valongo, assinalam a quadra sanjoanina, está a ser objecto de uma pequena batalha. Não estão, desta vez, em guerra os bugios (cristãos) e os mourisqueiros (mouros), mas antes a população local, ciosa do espaço da sua festa maior, e a Câmara de Valongo, que planeia modificar o acesso à Estrada Nacional n.º 209, alterando a localização da rotunda ali existente e rasgando uma rua pelo meio do largo.Há uma semana, as máquinas já estiveram no local para iniciar a empreitada, que tem uma duração prevista de 120 dias. Nessa ocasião, porém, os sobradenses mobilizaram-se e conseguiram impedir o avanço das obras, tendo a autarquia prometido que o projecto iria ser revisto, de modo a causar menor dano ao mais emblemático espaço público da freguesia. "É um espaço sagrado, palco da tradição que nos identifica", explicou ao PÚBLICO António Pinto, garantindo que, caso não exista negociação, o avanço da obra vai, decerto, provocar uma "grande contestação" e "revolta".Satisfeitos com o adiamento da intervenção, mas não totalmente convencidos da perenidade do gesto, os moradores de Sobrado continuam vigilantes, temendo que as máquinas regressem "a qualquer instante". "Isto tem havido muita polémica", reconheciam, ontem de manhã, os quatro homens que conversavam junto ao Passal. Instantes depois, separaram-se: um foi para a porta do Café S. João juntar-se ao grupo mais numeroso que ali se abrigava de mais um aguaceiro, outro refugiou-se, com mais três, no coreto da praça; sob esta construção, outro grupo de idosos entretinha-se a jogar às cartas. "Estão de sobreaviso", reconheceu António Pinto. Parece impossível que a obra comece sem que a população se aperceba, embora um dos homens fosse admitindo que "está mais para se fazer do que para não se fazer"."As Bugiadas são uma festa centenária e o espaço em que se celebra nunca foi alterado", valoriza António Pinto, que recorda como, há cerca de 25 anos, um presidente da junta de freguesia tentou construir o edifício da edilidade naquele largo. "No mesmo dia em que aquilo foi desaterrado voltou a ficar como estava", diz. Para além da alteração da rotunda e da construção da nova via que vai escoar o trânsito procedente da Rua de Santo André e do adro da igreja local, o projecto camarário prevê, segundo Pinto, o abate de quatro plátanos e a construção de um parque de estacionamento. O mais grave, porém, é a alteração da morfologia do largo: um terreiro calcetado com paralelepípedos e usado como parque de estacionamento enquanto não chegam as tropelias anuais dos bugios e dos mourisqueiros. "No dia 24 de Junho, quando são as festas, isto já é pequeno para tanta gente. Cortando, mais pequeno fica", explicava ontem um dos homens que mantinham o largo sob vigilância.António Pinto garante que a população está disponível para "estudar outro projecto, desde que não mexa no lugar", mas afiança também que, sem negociação, a obra não se faz. "De certeza absoluta", diz. Por outro lado, e como a obra, a concretizar-se, se prolongará por cerca de quatro meses, existe o risco de o largo se encontrar em obras aquando da próxima celebração sanjoanina. O PÚBLICO tentou ontem contactar a Câmara Municipal de Valongo para apurar se o projecto para o Largo do Passal vai efectivamente ser repensado, mas os paços do concelho encontravam-se encerrados, tendo igualmente sido impossível estabelecer ligação com o presidente da Junta de Freguesia de Sobrado, também incontactável.