domingo, junho 23, 2013

Quais os momentos mais importantes da festa?

Sobretudo para os visitantes que não puderem estar todo o dia em Sobrado pode surgir a pergunta: se eu só puder estar de manhã ou só de tarde, o que vale a pena ver?

A resposta é simples: de manhã, o que vale a pena ver são as Danças de Entrada, que deverão ter início pouco depois do meio dia, no zona central de Sobrado (perguntar pela capela das Alminhas). Se puder ir um pouco antes, verá os Mouros na procissão, de cabeça descoberta, a pegar aos andores dos santos e, em particular, no de S. João.
Se se dispuser a chegar a Sobrado pelas 9h30, o conselho é que vá diretamente para a Casa do Bugio, que fica fora da povoação, na estrada que liga Sobrado a Alfena (junto à Escola Profissional de Valongo - acesso fácil via A41). Aí têm lugar as danças de mouros e cristãos (ainda que nunca se misturem), assim como o 'jantar' servido a todos os participantes envolvidos nas danças. É ocasião de tomar também contacto com as 'estardalhadas' ou cenas de crítica social.
Se for apenas de tarde, o ponto mais alto é a prisão do velho, no Passal. Ocorre nos castelos aí construídos. Envolve as embaixadas, as disputas dos advogados, os tiros de 'canhão', a prisão e a intervenção libertadora da Serpe. Este clímax da festa ocorre já ao fim da tarde perto das 19h30. Mas antes disso, logo a partir das 15h00, ocorre na zona do Passal a cobrança dos Direitos, o ritual da Sementeira e a Dança do Cego. O trajeto seguido por estas manifestações é o seguinte: Saída de uma casa situada a meio da Rua José Araújo; contorno da rotunda na estrada principal; descida do Largo do Passal pelo lado sul, até junto à igreja paroquial e regresso ao ponto de partida pela rua a meio do Passal, sob os plátanos.
No fim da Prisão do Velho, já ao escurecer, há ainda a Dança do Santo, junto à igreja e a transmissão do testemunho à próxima comissão de festas, no adro.

Sobre a recolha de imagens na festa


As normas que foram definidas no ano passado relativas à recolha de imagens na festa visam acima de tudo dois objetivos: evitar a perturbação dos movimentos dos Bugios e Mourisqueiros, em particular nas Danças de Entrada; e promover imagens que não tenham no interior das danças pessoas estranhas a estas manifestações.
Portanto, ao contrário da interpretação de alguns, de que se pretende impedir de fotografar ou gravar a festa, pretende-se, isso sim, contribuir para a qualidade das imagens que cada um pretende obter.
Basta ver fotos das danças de entrada dos últimos anos: é quase impossível conseguir planos gerais sem estranhos dentro do espaço dos Mourisqueiros ou dos Bugios.
Cabe aos líderes de uma e outra formação impedir que o seu espaço seja ocupado por quem lá não deve estar. Mas cabe também a todos nós colaborar nessa tarefa.
Este ano teremos equipas externas a gravar registos para instruir o dossiê da candidatura da Bugiada e Mouriscada a património imaterial. Um esforço suplementar de todos para que consigam boas imagens é essencial.

sexta-feira, junho 21, 2013

Festa da vida e da paixão


A Festa da Bugiada e Mouriscada de Sobrado é como que a outra face do S. João do Porto, mas mais discreta e deslumbrante. Ambas partilham do encontro, da folia, da subversão próprias dos antigos ritos solsticiais; ambas são festas de celebração e refundação da identidade colectiva na rua. O S. João é, no Porto, uma festa nocturna e, em Sobrado, uma festa diurna. E talvez seja por causa do S. João do Porto que muitos forasteiros, interessados em conhecer a Bugiada, se tenham ficado pela cidade, na ressaca da noitada, adiando, assim, para outra vez a deslocação a Sobrado.
Quem vá a Sobrado sedento de exotismo ou à procura de vestígios de um mundo perdido é possível que os encontre. A máscara e a serpe, os guizos e as castanholas, os penachos e as barretinas, as danças e o combate, as músicas e os ritmos do tambor, a cor e a algazarra proporcionam esse mergulho num tempo fora do tempo. É o que se pode chamar um espetáculo completo, suprema colheita para os amantes da fotografia e do vídeo. E, no entanto …
Para a comunidade local, a festa é muito mais do que um espetáculo ou uma reconstituição histórica. É, acima de tudo, o assumir de uma tradição, reinterpretada nas exatas e precisas condições da existência do hoje, local e global. Numa terra que se transfigurou nos últimos 60 anos, por efeito do trabalho industrial, da emigração e da rede viária, esta vila passou a respirar em sintonia com o resto do Município e com a área metropolitana do Porto. Mas os sobradenses souberam encontrar nos novos modos e estilos de vida os pontos de ligação com a sua festa de S. João. Reinterpretaram-na e fizeram-na significativa para a sua vida e para as relações entre eles. Assim, a festa não se tornou um mono, mas antes a festa da vida e da paixão.
Os passos que têm sido dados no sentido do reconhecimento do seu interesse municipal (já concretizado), nacional e internacional (em vias de concretização) são naturalmente motivo de satisfação. Mas representam também um desafio: abertura à promoção de um turismo cultural de qualidade, articulado com outras ofertas na região, sem deixar que sejam pressões externas a condicionar as características, tempos e modos de fazer a festa. Isso é com os sobradenses. Outro caminho acabaria por pôr em causa aquilo que agora mesmo está a ser objeto de reconhecimento e, em última análise, por ameaçar a própria festa. Em suma, uma festa aberta mas sem perder a alma.

[Texto que me foi solicitado para publicação no Semanário Grande Porto, num destaque dedicado à Festa de S. João de Sobrado e previsto para hoje]

quinta-feira, junho 20, 2013

Transporte gratuito para acesso à festa no dia de S. João

A exemplo de anos anteriores, vai funcionar no dia de S. João um transporte gratuito para as pessoas que queiram ir participar na Festa da Bugiada e Mouriscada de Sobrado e não se queiram meter na (e aumentar a) confusão do trânsito na vila. Funciona entre dois pontos extremos de Sobrado: Pinguela, a Sul, para quem vem do lado de Valongo ou A4, e Balsa, do lado Norte, na estrada que vem de Lordelo e Paços de Ferreira ou da A41. De cada um dos lados há também parques de estacionamento automóvel, devidamente sinalizados, onde as pessoas de fora podem deixar os seus veículos e podem chegar ao espaço da festa de forma mais cómoda utilizando os referidos transportes públicos. 
A iniciativa cabe à Junta de Freguesia local e à Câmara Municipal. Segundo o Presidente da Junta, Carlos Mota, este serviço, que funcionará entre as 10h30 e as 13 e entre as 15 e as 22, nos dois sentidos, visa aliviar a pressão automóvel quer de visitantes de fora quer da vila, fazendo com que a participação na festa se faça com maior comodidade.
Recorde-se que a Freguesia de Sobrado, que se estende ao longo de um extenso vale banhado pelo rio Ferreira, tem mais de 7km de comprimento por estrada.


quarta-feira, junho 19, 2013

S. João, o Batista e Precursor

São João, que se celebra anualmente a 24 de junho, foi o primeiro anunciador e apontador de Jesus Cristo, um santo com características especiais porque dá testemunho da luz e da verdade, refere o biblista Armindo Vaz. Para o padre e professor universitário, a figura de São João conjuga austeridade, humildade e alegria e é extremamente importante “não por si e nem por si”, mas por aquilo que “ele anuncia e indica”, revela à ECCLESIA.
A Igreja Católica, acrescenta, dá-lhe “grande relevo” e é o “único santo, para além de Jesus, que tem vigília”, sublinha o religioso carmelita.
A Igreja percebe a “centralidade da figura de João Batista na história da salvação” porque ele “aparece como o último elo do AT [Antigo Testamento] que aponta para o novo”, prossegue.
Ao elevar São João à categoria de santo popular, o biblista Armindo Vaz realça que a festividade deste santo “leva a celebrar com alegria a vida humana”, uma nota que brota dos “textos bíblicos”.
Numa intervenção dedicada a este santo, em 2012, o Papa emérito Bento XVI destacou a figura de São João Batista, elogiando a “grande humildade e ardor profético” do precursor de Jesus, e lembrou que este é o único caso, à exceção da Virgem Maria, em que o calendário litúrgico católico festeja o nascimento de um santo.
“Fá-lo porque este nascimento esta estreitamente ligado ao mistério da incarnação do Filho de Deus”, justificou.
Bento XVI disse que os quatro Evangelhos “dão grande relevo à figura de João Batista, como profeta que encerra o Antigo Testamento e inaugura o novo, indicando em Jesus de Nazaré o Messias”.
São João, acrescentou, batizava no Rio Jordão, “chamando as pessoas a prepararem-se, como esse gesto de penitência, para a vinda iminente do Messias que Deus lhe tinha revelado durante a sua permanência no deserto da Judeia”.
Neste local, frisou o Papa, foi chamado “batizador” e ali receberia o próprio Jesus Cristo. “A sua missão não estava ainda cumprida: pouco tempo depois, foi-lhe pedido que precedesse Jesus também na morte violenta”, referiu Bento XVI, ao evocar a prisão e decapitação de São João, ordenadas pelo rei Herodes.
Fonte: Semanário Ecclesia, 13.06.2013

segunda-feira, junho 17, 2013

ARRE na Bugiada

A equipa artística da nova criação
da companhia teatral portuense Rei Sem Roupa, intitulada "ARRE - Peça para dois burros e dois actores", passará o próximo dia 24 de Junho em Sobrado estudando a Bugiada. A peça em criação, como o subtítulo indica, terá em cena dois actores humanos e dois asininos - tratando-se de uma co-produção com a AEPGA - Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino (Atenor, Terra de Miranda do Douro).
Na festa de Sobrado, estaremos particularmente atentos às seguintes dimensões: a transformação da ordem instituída de uma comunidade, a crítica social, o uso do grotesco, da licenciosidade, do risco e de personagens aparentadas ao Bufão. O nosso objectivo é inspirar-nos as razões que mantêm estas expressões e encenações tão vivas e necessárias para a comunidade de Sobrado.

Eis uma descrição mais pormenorizada do projecto:
"ARRE: Peça para dois burros e dois actores é uma exploração teatral de pendor cómico que cruza, num espectáculo de rua, três pontos de partida: o Burro de Miranda, uma pesquisa sobre a linguagem teatral do Bufão e um imaginário inspirado na obra “D. Quixote de la Mancha”. A questão da idiossincrasia, como resistência à ordem (social, de poder, cultural, estética e mesmo moral) é o ponto unificador desta tríade."

Pedro Fabião
(Diretor artístico, encenador e ator, com raízes em Sobrado)

domingo, junho 16, 2013

Os castelos já estão prontos. Hoje é o Dia dos Tremoços

Castelo dos Mourisqueiros, construído ontem no Passal
Ontem foi Dia da Cabidela, na cronologia descendente a caminho da Festa de São João de Sobrado. Isto significa que foi o dia de ir ao monte para arranjar os pinheiros com que Bugios e Mourisqueiros construíram os castelos para a Prisão do  Velho da Bugiada. A seguir é tradição que os envolvidos nesse trabalho coletivo se reúnam à volta mesa para comer frango de cabidela.
Hoje é o Dia dos Tremoços, o que quer dizer, também, que é o dia do último ensaio (já que o último domingo antes  do São João calha na véspera do dia da festa). Atenção que este ensaio se faz não no Passal, mas junto à Casa do Bugio e não às  18, mas às 17. Porque, a seguir, Bugios e Mourisqueiros confraternizam num lanche de tremoços, broa e vinho.

quinta-feira, junho 13, 2013

Bugiada e Mouriscada .. mas não só

Nunca será de mais sublinhar que a Festa de S. João de Sobrado é bem mais rica do que as danças e a luta que envolvem Bugios e Mourisqueiros. O gráfico seguinte, que fiz para a recente conferência sobre cultura popular em Boticas,  procura sublinhar três aspetos:
- a centralidade da Mouriscada e Bugiada nesta festa;
- a diversidade de outras manifestações;
- a relação que existe entre essas manifestações e a Mouriscada e, principalmente, a Bugiada.


quarta-feira, junho 12, 2013

(6) Quais são alguns dos desafios que a Festa de S. João de Sobrado enfrenta?


A festa da Bugiada e Mouriscada exprime a identidade dos sobradenses e, ao acontecer, refaz e actualiza essa mesma identidade. É uma grande manifestação comunicativa, em que a palavra é secundária e em que a mensagem e o sentido se produzem através do movimento, do corpo, do ritmo e da música, e em que a máscara ocupa um papel central.
Fica claro que não estamos, em Sobrado, perante um teatro, um desfile, um espectáculo ou uma reconstituição histórica. Se algo disso há na Bugiada e na Mouriscada, e em tudo o mais que faz esta festa, o que aqui temos é uma iniciação à vida social; uma aprendizagem da importância daquilo que hoje vale pouco, no mercado dos valores: a combatividade, a busca de sentido, a pertença a um grupo, a competição sadia, o diálogo com o diferente como via para cada um se tornar pessoa. O que não quer dizer que tudo isto seja vivido por todos ou seja vivido do mesmo modo ou pelos mesmos motivos.
Nunca fomos muito dados a reflectir e debater o sentido desta festa. E, no entanto, todos vibramos com ela. E dela poderíamos dizer algo parecido com o que Santo Agostinho disse, quando um dia lhe perguntaram o que era o tempo: “Se ninguém mo perguntar, eu sei; se o quiser explicar a quem me fizer a pergunta, já não sei.” É um pouco assim que se sente o sobradense a quem o repórter pergunta o que experimenta ao dançar ou ver dançar. Na melhor das hipóteses receberá como resposta: “é a paixão!”
Mas, sem grandes argumentos, sem grandes discursos, através da festa, os sobradenses conversam entre si, lá vão encontrando meio de conviverem uns com os outros. Não são certamente nem melhores nem piores do que os habitantes de outras terras, mas aprendem a ser gente à sua maneira.
Todos sabemos que os de Sobrado eram conhecidos nas terras circunvizinhas como uns tolos que fazem tudo ao contrário(*). Isto porque nos trabalhos do campo ritualizados na festa, começam por semear antes de lavrar e gradar. Mas também jantam o cozido ao princípio da manhã e vencem uma batalha não pela intercessão de S. João Batista, venerado nesse dia, mas de uma Serpe. Esta festa, como muitas outras festas tradicionais, opera por inversão. Por um dia vira as coisas e a vida do avesso. Por um dia um operário ou um comerciante podem ser reis. Mas do mesmo modo por um dia há quem delire a fazer de cego ou de mulher de sapateiro. No dia seguinte, a vida continua, mas nunca continua igual, porque se sai da festa com a alma lavada, com a sensação de ter vivido num dia o que um ano inteiro não permite.
Ao vermos, nos nossos dias, as tensões e as guerras entre os muçulmanos e os cristãos e as dificuldades do diálogo e da compreensão mútua entre os dois mundos, não deixa de ser espantoso ver como em Sobrado, Mouriscada e Bugiada – eles e nós; nós e os outros; o mesmo e o diferente – convivem, combatem, vencem e são derrotadas e, no fim, uma e outra excecutam a Dança do Santo. Não como vencedor e vencido, mas como agrupamentos diferentes, mas iguais em direitos, estatuto e dignidade . Em Sobrado, os Mouros não são convertidos, como, por exemplo, acontece no Auto de Floripes, contra os Turcos. E isto, poderíamos nós ler hoje, é um sinal interessante de diálogo intercultural, de convivência entre diferentes que se reconhecem iguais em dignidade.
No momento em que em Sobrado se descobre que a sua festa é uma manifestação valiosa de património cultural imaterial, vale a pena realçar os aspectos nela contidos, que a colocam em sintonia com grandes desafios do nosso tempo. Com a memória e a consciência do valor da herança que recebemos, queremos caminhar não a olhar para o passado, mas a enfrentar os reptos do futuro. E esses reptos do futuro
- passam pela preservação, o que supõe investir num núcleo museológico da festa da Bugiada e da Mouriscada;
- passam pela promoção, como tem estado a acontecer com o reconhecimento municipal, com o registo nacional e a candidatura à lista da UNESCO; e
- passa pelo estudo e pela investigação, já que esta festa nunca foi até hoje estudada de forma sistemática e em profundidade e, sem isso, nós não podemos dar o devido valor àquilo que temos.
Como observava Hélder Pacheco, num colóquio realizado em Sobrado, em Junho de 2006, a propósito da singularidade do S. João de Sobrado, “não afirmar esta diferença e esta identidade própria seria absolutamente fatal, no contexto de uma Europa cinzenta e carente de côr.”
................
(*) Notícia de "O Vallonguense", nº1, de 29 de Junho de 1913:
"Realizou-se na passada terça-feira a festa de S. João Baptista. Houve as tradicionais danças dos 'Mouriscos e Bugios' sempre muito engraçadas e apimentadas. Não há meio de tirar esta antiga costumeira, tão enraizada está nos hábitos deste povo a quem chamam tolo; eu penso porém que mais tolos são aqueles que atravessando montes e vales o vêm apreciar. Tolos não, finos é que eles são, porque com suas artes pitorescas chamam grande número de forasteiros à sua terra".

terça-feira, junho 11, 2013

(5) Como lidar com as pressões externas e internas que uma tradição como esta necessariamente gera?

Uma festa complexa e polifacetada como a Bugiada e Mouriscada está sujeita a múltiplos focos de tensão e mesmo a pressões de sentidos diversos e contraditórios.
No interior da comunidade, as possíveis causas dessas tensões decorrem desde logo do facto de a festa se estruturar em torno de uma luta entre dois grupos: o de toda a gente, digamos assim, folgazão, colorido e excêntrico; e o dos jovens solteiros, que representam o novo, o diferente, o outro. Temos aqui uma tensão entre o
Passal - Espaço privilegiado da festa
passado e o futuro, entre o mesmo e o diferente, que vai ocorrer noutros momentos e manifestações desta tradição.
Depois, há a tensão que decorre da disputa pelos lugares de poder na festa e, particularmente, pelos lugares de Reimoeiro e de Velho da Bugiada. Objeto de sonhos de muitos anos, a ascensão envolve rivalidades, julgamentos e negociações que nem sempre são fáceis de assimilar. Nos últimos anos, quer uma quer outra formação encontraram modos e normas que tornam as escolhas mais transparentes e, espera-se, também mais pacíficas.
Sobrado viu partir muitos dos seus habitantes - poderíamos dizer: umas boas centenas -  e viu também instalar-se no seu território muitas pessoas que trabalham ou estudam fora e isto acarreta diferentes modos de ver e viver a festa, de nela investir. São as dinâmicas próprias de uma comunidade viva.
Mas não podemos esquecer que a Festa não é só dos que nela directamente tomam parte. As mudanças das últimas décadas originaram uma forte mobilidade social e uma facilidade de circulação que faz com que muitos sobradenses vivam fora; que muitos de fora tenham vindo viver para Sobrado; que a abertura ao mundo, proporcionada pelos meios de comunicação, tenha gerado uma maior diversidade de pontos de vista e de sensibilidades, que se reflectem também na festa.
Por outro lado, quem vê a Bugiada de fora, não chega a aperceber-se de que ela é bem mais do que a mera repetição anual de umas manifestações exóticas e interessantes, que dão umas imagens espectaculares para fotógrafos e televisões.
Não é, assim, de estranhar que se repitam as pressões para levar a Bugiada e a Mouriscada para desfiles e outras performances e eventos, desconectando as danças do seu tempo, lugar e sentido. Os canais de televisão chegam até a pretender alterar as horas de certas partes da festa, quando não a encenar movimentos de dança em estúdio, com o argumento de que, por essa via, estão a colaborar na promoção da festa.
Vemos, deste modo, que a Festa da Mouriscada e Bugiada que gera naturalmente tensões vem conhecendo pressões novas geradas na comunidade e fora dela, com as quais é necessário conviver e urge saber gerir. Muitas das tensões exprimem a intensidade e paixão com que aqui tudo é vivido.
Não se pode ser fundamentalista: A festa não é como uma jóia que alguém guardasse em casa com o máximo cuidado para que nada nem ninguém lhe tocasse, para se manter como sempre foi. É viva e, assim como faz a comunidade e configura a sua identidade, também é feita por ela. Porém, também não se pode esquecer que toda a banalização das danças e rituais, toda a cedência a caprichos ou interesses deste ou daquele, se virará a prazo contra a própria festa. Há dinâmicas de mudança na festa que advêm da sua natural adaptação aos novos tempos. Mas há mudanças e mudanças e há que discernir entre o que ajuda a festa a enriquecer-se e aquilo que, a prazo, a pode descaracterizar e matar. Grave seria se algum iluminado entendesse por si só o que é ou não correto fazer.
Para isso à Casa do Bugio cabe um papel que importa prosseguir e aprofundar, de preservação e promoção, ouvindo o conselho de Velhos, os que tiveram lugar de destaque nos Mourisqueiros, os amantes das restantes manifestações da festa, num entrosamento estreito com o pulsar da comunidade local.

segunda-feira, junho 10, 2013

(4) Que dizer sobre as origens da festa, a sua longevidade e transformações?


A Festa de S. João de Sobrado, tanto quanto se conhece hoje, não conta com referências ou registos antigos. Não houve associação ou confraria que tivesse o encargo de a realizar. Sendo sobretudo uma festa de danças, de rituais, de manifestações de índole carnavalesca, não tem texto escrito. Um velho sábio que conheci e que me ensinou muito, disse-me um dia, quando foi publicado o livrinho que escrevi sobre a festa, nos inícios dos anos 80: o que fizeste tinha valor se tivesses descoberto o ano em que a festa começou. Isso é que era!
A verdade é que não sabemos e, provavelmente, nunca saberemos. O que sabemos é que ela é muito antiga, visto que os antigos nos diziam que já os seus avós lhes contavam que ninguém se lembrava de quando ela teria começado a fazer-se.
Enquanto outros dados não surgirem, que nos dêem outras pistas, temos de caminhar às apalpadelas, que o mesmo é dizer: analisando as semelhanças e diferenças com outras festas; comparando os trajes, examinando a estrutura, e as diferentes componentes desta tradição festiva e colocando tudo isto em mapas mais vastos.
Corria em Sobrado a crença de que, na guerra civil entre D. Pedro e D. Miguel, quando se deu a batalha de Ponte Ferreira, os habitantes de Sobrado eram obrigados a abastecer as tropas miguelistas, mas nem por isso a festa deixou de se fazer: sobrepôs os ‘canhões’ da prisão do Velho ao troar dos canhões do combate que se travaria a escassos dois quilómetros daí. A verdade é que a data da batalha foi quase um mês depois do dia de S. João, pelo que essa crença ou não faz sentido ou deve ter outra explicação.
Disse-se igualmente que os trajes dos Mourisqueiros, com as suas polainas, barretinas emplumadas e espadins, fazem lembrar as fardas das tropas napoleónicas que invadiram o país, no fim da primeira década do século XIX. As semelhanças chamam, de facto, a atenção, mas não provam muito sobre a antiguidade da festa.
Recuando mais, há quem recorde que Bugiadas e Mouriscadas figuravam, pelo menos até ao século XVIII, em várias procissões de Corpus Christi do Norte de Portugal, incluindo a Serpe, que também aparece em Sobrado e, por exemplo, em Penafiel. A pergunta que ocorre colocar é se as danças e lutas de Sobrado serão tributárias de alguma forma de participação que outrora existisse numa procissão de Corpus Christi ou dela derivada. É matéria sobre a qual pouco podemos acrescentar, no actual estado do conhecimento. Mas neste ponto, a existência de Bugiadas na sede do Município, em finais do séc. XIX (cf Seara, 1896) deixam em aberto a possibilidade de alguma relação de manifestações da Festa de Sobrado com outras tradições na zona envolvente.
Uma coisa é certa: as festas de mouros e cristãos são antigas, não apenas na Península Ibérica, mas noutras partes da Europa e, com a expansão europeia, no Brasil e em toda a América Latina e até em África (Krom, 2012).
As primeiras referências que conheço são de finais do século XIX . Um folheto volante de 10 páginas, com “versos” da autoria do valonguense José Alves dos Reis, datado de 1896, referia o seguinte, sob o título de “Música Gorada”:
Na aldeia pitoresca de Sobrado
Terra aonde se cria o melhor gado
E já deu bastantes brasileiros
Tem hoje denodados Mourisqueiros.
No dia do Baptista S. João
Fazem eles ali grande função
Correm todos em vários desafios
Os Mourisqueiros e garbos Bugios
Os doidos imitando no correr
(e não faltam irmãos para ir ver)
A saltar e pullar por entre a praça
E os doidos socegados achando-lhes graça
(...)”
Antigamente, segundo a tradição, cabia aos lavradores e às casas de lavoura mais destacadas assegurar a Mouriscada, apresentando pelo menos um jovem garboso. Nos nossos dias, já não há casas abastadas de lavoura suficientes para manter essa prática. Qualquer adolescente que tenha um mínimo de jeito pode ir de Mourisqueiro, até porque não tem de comprar a farda. Do lado dos Bugios, sabia-se que a paixão pela festa e a ajuda da máscara levava a que algumas mulheres se atrevessem a participar nas danças, ainda que essa prática fosse censurada pela moral dominante. Hoje são já numerosas as que vão dançar, começando a colocar-se a questão, para alguns e para algumas, de elas poderem ou não subir, como os homens, na hierarquia da Mouriscada.
As próprias fardas, nomeadamente a dos mouros, também mudaram. Na primeira metade do século passado eram de tons mais esbanquiçados, como refere e mostra em fotografia o trabalho de Rodney Gallop, nos anos 30. E hoje desapareceram, entre os Bugios, as chamadas Comedeiras, trajes puídos e velhinhos que alguns arranjavam para poderem comer à tripa forra pelo menos no dia de S. João. Oxalá não voltem esses tempos.

domingo, junho 09, 2013

(3) Como compreender a sobrevivência e revivificação da Bugiada?

Uma leitura possível para a sobrevivência e renovado vigor da Bugiada e Mouriscada poderia residir no esforço de preservação de uma tradição antiga e na sua apresentação como reconstituição histórica, para efeitos de memória e afirmação perante os forasteiros que visitam Sobrado.
Mas a verdade é que muitas outras terras tiveram tradições festivas riquíssimas - e escusamos de sair para fora do Município de Valongo – e viram-nas desaparecer uma atrás da outra.
Como vimos, o contexto económico e sociocultural do passado mudou radicalmente. A primazia da economia agrícola de subsistência e a cultura do mundo rural e a mundividência a ela associada ttransformaram-se. As relações sociais e a força dos valores e normas prevalecentes em gerações passadas debilitaram-se ou foram substituídas por outras. Seria lógico, por isso – ou pelo menos não seria de estranhar – que a Bugiada e a Mouriscada tivesse ficado pelo caminho, ou se arrastasse por Sobrado como um moribundo.
Isso não aconteceu. E a meu ver, tal deve-se, antes de mais, a dois factores indissociáveis: ao facto de a festa ter sido assumida como fazendo parte da identidade da comunidade local e, por outro lado, ao facto de esta festa e a sua vivência ter sido reinterpretada no quadro de valores e relações sociais dos novos tempos.
Em síntese e numa linguagem mais clara e direta, eu diria que esta festa continua a fazer-se porque as pessoas a sentem como fazendo parte de si e daquilo que são, individual e colectivamente. Por outro lado, porque as gerações mais novas fazem através dela a experiência da iniciação à cidadania em termos de integração e pertença à comunidade local.
Há casos que dizem bem da força e do papel da festa. Há cerca de 40 anos choveu tanto nas vésperas e no dia de S. João, que houve cheia do rio Ferreira. Pouca gente se atreveu a vir para Campelo ver as Danças de Entrada. Mas nem por isso Mourisqueiros e Bugios deixaram de dançar. O que tiramos daqui? Que o S. João de Sobrado não é, acima de tudo, um espectáculo para a multidão, mas, em primeiro lugar, uma experiência profunda para cada participante que, por alguma razão, diz – e sente – que vai dançar por paixão. É na verdade esta paixão, feita de sofrimento e entrega, que faz esta festa. Claro que há coincidências, mas terá sido por mero acaso que um Bugio idoso, um desses apaixonados que prefere dançar a subir na hierarquia do seu grupo, foi morrer exactamente na véspera de S. João e levado pelos seus pares à sepultura precisamente na manhã do grande dia?
Há anos, ia eu à procura do carro, para regressar a casa, no fim da Dança do Santo, e à minha frente caminhava um Mourisqueiro de barretina debaixo do braço, uma irmã e a mãe. Pude ouvir perfeitamente a conversa, porque dela não fizeram segredo: a irmã criticava o Mourisqueiro – que tinha aparentemente diante de si a possibilidade de iniciar o percurso para chegar a Reimoeiro – porque iria perder a namorada, se a deixasse sete anos à espera para casar. A solução seria ele ir viver com a noiva enquanto durasse a ascensão na cadeia hierárquica mourisca. Alguém em circunstâncias idênticas já o teria feito antes sem que tivesse sido penalizado. Mas o jovem que aspirava a ser rei, ainda que por um só dia, não estava pelos ajustes. “Ela que espere. Se é que me tem amor!”, dizia, convencido. E por aqui se vê também como a festa se entrecruza com a vida e pode interferir em opções de fundo. Com propriedade se pode, pois, dizer que a festa faz parte da própria vida. Mais ainda: a Bugiada e a Mouriscada é a festa da vida.
Antropologicamente ela é, além disso, o grande momento da hubris, do excesso, da transgressão e da comunhão com os elementos da natureza. Muitos forasteiros acham as cenas da Dança do Cego, por exemplo, de um primitivismo atroz e de uma violência dificilmente aceitável. Que diriam se soubessem que os papeis dos rituais agrícolas e da Sapateirada são superdisputados e que não falta quem queira espolinhar-se na lama e atirar excrementos aos circunstantes ou roçar-se neles com uma enxerga toda enlameada?!
(Crédito da segunda foto: Fábia Pinto)

sábado, junho 08, 2013

(2) Que dizer sobre esta terra, sobre o contexto da festa?


Há enraizada a ideia de que estas manifestações populares que nos chegaram por tradição mas que foram evoluindo com os tempos estão associadas à agricultura e à vida agrícola. Já foi esse o caso nesta freguesia, mas há algumas décadas que não é mais assim. Vale a pena fazer uma rapidíssima retrospectiva.
Sobrado é uma povoação antiga, referenciada pelo menos desde o século XIII, que pertenceu à Terra de Aguiar. Situa-se num extenso vale, nas bordas do qual se situam os diferentes lugares da freguesia. Nesse vale, abrigado por montes praticamente em todas as direcções, volteia o rio Ferreira, que, no regime agrícola que foi dominante até meados do século XX, transbordava nas cheias de inverno e fornecia a água de rega, colhida em pelo menos três pontos, na altura do verão.
Foi o rio que gerou a força motriz que fez trabalhar a primeira unidade industrial de certa envergadura em Sobrado, a Fábrica de Fiação da Balsa, que começou a laborar em Maio de 1860 (docs do Arquivo Municipal de Valongo). Para além dela, muitos sobradenses foram trabalhadores nas minas de ardósia de Campo e do Suzão. Mas a grande mudança deu-se a partir de meados do século XX, com a instalação em Sobrado da Fábrica de fibras artificiais da CIFA, e que absorveu progressivamente largas centenas de homens e mulheres, que deixaram o ritmo de sol a sol para entrarem na modernidade da laboração contínua e trabalho por turnos. A crise do têxtil levou ao seu desaparecimento, em meados da década de 80, num processo doloroso e até traumático para muitos habitantes e para a freguesia no seu todo.
A crise que fez desaparecer a CIFA chegou também a uma indústria de pequena dimensão que a partir dos anos 60 foi ocupando muitos homens – o mobiliário.
O peso significativo da emigração – sobretudo para França, Luxemburgo e Alemanha – foi o ponto de fuga e a miragem da salvação para muitas famílias de Sobrado.
Enfim, se é verdade que o peso do trabalho industrial e assalariado está presente há largas décadas na freguesia, com o que isso envolve do ponto de vista socioeconómico e das mentalidades, não é menos verdade que a agricultura nunca foi verdadeiramente abandonada. Realizada pelos membros da família que ficavam em casa e pelos que trabalhavam nas fábricas nas horas vagas, ela representou um complemento e uma segurança, como aconteceu em muitas outras zonas do Norte do país, sem contar com alguns empreendimentos agrícolas de certa dimensão entretanto surgidos.
Para responder à segunda pergunta, importa dizer que a Festa da Bugiada e da Mouriscada acompanhou estas vicissitudes dos sobradenses, estas alterações profundas dos modos de vida, não apenas locais, mas nacionais. A festa foi, diríamos, testemunha delas, mas também viveu deles e conviveu com elas. E nesse processo complexo, que merecia ser estudado, a festa aguentou-se, enriqueceu-se e até cresceu.
Porquê? Uma hipótese que deixo é esta: porque os sobradenses souberam manter canais de comunicação entre a festa e a sua vida quotidiana, os seus projectos, os seus dramas e os seus sucessos. Voltarei a este aspeto, mas deixo aqui apenas um exemplo: no ano em que a CIFA faliu, quando o desemprego irrompeu em muitas famílias, atingindo, em não poucos casos, mais de um membro do agregado familiar, foi possível ver o assunto ser tematizado nas cenas de crítica da vida local da Bugiada desse ano

sexta-feira, junho 07, 2013

(1) Que é que nesta festa a torna singular?


O que a festa não é:
- Mera festa de arraial; reconstituição ou recriação histórica
- Festa do santo padroeiro; festa de devoção religiosa a S. João
- Não é mera festa de arraial; não é, em todo o caso, uma festa vulgar.

É uma festa que representa e atualiza uma lenda. Esta lenda é uma narrativa sobre as relações conflituosas entre dois grupos – um grande e um pequeno; um sério e outro folião; um da terra e outro de fora; um diverso e outro homogéneo. Como objecto imediato desse conflito está a disputa da imagem de poderes milagrosos de S. João. Frente a frente, em diálogo tenso e denso, encontra-se uma comunidade e a sua cultura e um grupo que exprime a diferença, a alteridade – o que pode ser em tanto uma ameaça como um enriquecimento. Através da evocação de um facto histórico que certamente marcou esta região, toda a Península Ibérica e, em geral a Europa do Sul, é esse diálogo entre nós e os outros, o mesmo e o diferente que aqui se busca e se faz. E esse encontro é hoje um dos grandes desafios, numa sociedade globalizada..

Esta festa ora se designava por Festa da Bugiada ora, em menor grau, por festa da Mouriscada. Mas, como é bom de ver, a Bugiada não existe sem a Mouriscada e vice-versa. Mas esta festa é bem mais do que a Bugiada e a Mouriscada, já que nos interstícios, nos tempos de pausas das danças, se repetem, desde tempos imemoriais, as cenas de mascarados que compreendem pelo menos quatro performances diferentes: as entrajadas de crítica social, e sabor carnavalesco; a cobrança dos direitos; a lavra da praça; e a sapateirada ou dança do cego.
E não nos podemos esquecer de que se trata de uma festa realizada sob a invocação de S. João, um dos maiores do trio dos chamados “santos populares”. Daí que a componente religiosa – cerimonial e devocional – não possa ser esquecida. De resto, nunca poderemos esquecer que são os Mouriscos que transportam os andores na procissão e que existe todo um tabu em torno do território da igreja e em redor da igreja, até ao fim das danças de entrada. Os Mourisqueiros, para acederem à igreja, no final da missa de festa, têm de o fazer por fora do terreno do Passal.

Fazem parte da festa os ensaios, por tradição públicos, e que são bem mais do que meros ensaios, já que durante eles decorre o processo de designação dos titulares de funções específicas nos rituais da tarde. Acresce que o ensaio final, o do dia dos tremoços, se tornou num convívio entre todos os participantes e a própria população. Além disso há uma série de tarefas preparatórias, que seria longo enumerar aqui, muitas das quais dependentes do Velho da Bugiada e seus Guias e também do Reimoeiro.

A festa envolve direta ou indirectamente a comunidade não só num dia, mas todo o ano: os ajuntamentos, como são as sarrabulhadas, para conviver e angariar fundos para a festa; os peditórios e rifas; a preparação dos trajes e a preparação física são exemplos disso mesmo.

Na era dos novos media e das redes sociais, a festa é também o acompanhamento, ao longo do ano, do que se publica no blog e nas páginas da festa no Facebook.

Peditório neste fim de semana

Membros da Comissão de festas organizados em pequenas equipas percorrem a freguesia este sábado, pedindo a cada família um contributo monetário para os encargos da festa. Caso não consigam chegar a todas as casas, o peditório prosseguirá no domingo.
E tempos de 'vacas magras' torna-se mais difícil conseguir os recursos que uma festa da envergadura da de Sobrado supõe, mesmo cuidando de reduzir ao mínimo os gastos obrigatórios.

quinta-feira, junho 06, 2013

Publicação do texto da intervenção na conferência do dia 24

Nos próximos dias publicarei a minha intervenção no ato de apresentação do pedido de registo da Festa da Bugiada e Mouriscada no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, realizado em Sobrado, em 24 de Maio de 2013, em articulação com a Conferência “Património Imaterial, identidade, cultura e risco”.
A intervenção procura refletir sobre seis questões. Em cada post refletirei sobre uma delas. Como sublinhei na ocasião, a comunicação é, antes de mais, a de "um sobradense que gosta da Festa da Bugiada e da Mouriscada. Mais: que a considera "um dos mais notáveis rituais que sobrevivem na Europa moderna", para recorrer às palavras do inglês Rodney Gallop, talvez o primeiro que se preocupou com o seu estudo, já la vão três quartos de século".

quarta-feira, junho 05, 2013

segunda-feira, junho 03, 2013

O site da Festa da Bugiada e Mouriscada: convite para uma visita


Foi apresentado na Conferência que decorreu em Sobrado, no passado dia 24 e 25 de Maio, o site da candidatura da Festa da Bugiada e Mouriscada a património cultural imaterial. Será este, doravante, o espaço privilegiado de documentação, informação e divulgação da Festa de S. João de Sobrado.

O site, apresentado no referido evento pela Dra Manuela Ribeiro, diretora do Arquivo Municipal e ligada, desde o princípio, ao processo da candidatura da Festa da Bugiada e Mouriscada.
O espaço da Festa na Internet compõe-se de uma zona em que se refere a lenda e se documenta fotograficamente as figuras da festa. Relacionado com este existe um outro espaço ainda em branco que desafia os sobradenses (e não só) a darem testemunho da sua vivência relacionada com a festa. Quem quiser documentar-se sobre as questões relacionadas com a candidatura à lista de património imaerial da UNESCO e sobre o conceito de património imaterial assim como acerca da convenção sobre a matéria, de 2003, encontra um espaço próprio no site, designado 'Candidatura'. Finalmente foi também criada uma zona para informações e recortes de notícias publicadas nos media e uma outra para contactos. Trata-se ainda de um site em construção, mas a ideia é torná-lo um espaço vivo, interessante, que nos faça visitá-lo com frequência.